Anticorpos monoclonais
Apesar do entusiasmo inicial, em 1975, com a tecnologia de anticorpo monoclonal descrita por Kohler e Milstein, o projeto para essas novas drogas foi frustrado por 20 anos. Somente em 1994, um anticorpo monoclonal – o OKT3, anti-CD3 – foi licenciado para uso clínico. Parte desse progresso é devido à engenharia genética, que permitiu a produção de anticorpos monoclonais humanizados. Em 1997, o MabThera (rituximabe) tornou-se o primeiro anticorpo monoclonal aprovado pelo FDA para tratamento dos pacientes com câncer.
O Mabthera é um anticorpo monoclonal quimérico camundongo/humano que se liga especificamente ao antígeno transmembrana CD20 dos linfócitos B, iniciando reações imunológicas que mediarão a lise (destruição) da célula B. Os possíveis mecanismos para a lise celular são citotoxicidade complemento-dependente, citotoxicidade celular anticorpo-dependente e indução de apoptose.
O MabThera foi inicialmente descrito para o tratamento de linfomas não Hodgkin difusos de grandes células B. A quimioterapia com protocolo CHOP (ciclofosfamida, h-doxorrubicina, oncovin e prednisona) foi o tratamento padrão para esses pacientes até 2002, quando o Groupe d’Estude des Lymphomes de l’Adulte (GELA) comparou o CHOP isolado com o CHOP associado ao MabThera (R-CHOP).
Nesse estudo (GELA LNH 9805), 399 pacientes com idade entre 60 e 80 anos foram randomizados entre 8 ciclos de CHOP e 8 ciclos de R-CHOP. As taxas de remissão completa foram 63% e 76%, respectivamente. Além disso, a sobrevida global e a sobrevida livre de eventos em 2 anos foram superiores no grupo que usou MabThera.
Na mesma época, o MabThera também foi aprovado para uso no LNH folicular ou de baixo grau. Atualmente, há indicações do seu uso para diversas outras doenças hematológicas e autoimunes.
A descoberta dessa medicação pela Genentech marcou uma era na oncologia, sendo que, a partir daí, novos anticorpos monoclonais foram produzidos e incorporados ao tratamento de outros tipos de câncer.