Anemias hipoproliferativas

Todas as anemias têm uma causa. Segundo a OMS, anemia é definida por valores de hemoglobina abaixo de 12 g/dL para o sexo feminino e de 13 g/dL para o sexo masculino. Assim identificada, o exame a ser solicitado é a contagem de reticulócitos, cujo valor menor que 2% identifica as anemias hipoproliferativas, ou seja, quando a medula óssea não produz a quantidade adequada de glóbulos vermelhos ou hemácias por algum motivo.

A anemia hipoproliferativa mais comum é a anemia por deficiência de ferro que atinge 20% da população mundial, sendo causada principalmente por parasitoses, hipermenorreia em mulheres jovens e hemorragia pelo trato gastrointestinal em homens e mulheres pós menopausa. Até que se prove o contrário, anemia ferropriva é causada por sangramento. 


Sangue periférico com hemácias microcíticas, hipocrômicas com anisocitose e poiquilocitose, característico de anemia ferropriva

Porém, há outras causas de anemia como a deficiência de vitamina B12, nutriente que costuma estar presente nos alimentos de origem animal como carne, ovo e leite, sendo decorrente, na grande maioria das vezes, da má absorção, principalmente por falha na produção do fator intrínseco pelas células parietais do estomago, ou da ingesta inadequada da vitamina B12. 

Quando a causa é autoimune, há anticorpos contra o fator íntrinseco e/ou contra as células parietais do fundo gástrico, conhecida como anemia perniciosa.

A deficiência de ácido fólico é outra causa de anemia, cuja reposição de folato deve ser contínua nos casos de anemia hemolítica crônica ou má absorção crônica. A reposição empírica de folato pode ser empregada desde que a deficiência de vitamina B12 seja excluída.


Sangue periférico com a presença de macroovalócitos e neutrófilos plurissegmentares (>5% de neutrófilos com 5 segmentos ou um neutrófilo com 6 segmentos), característico da deficiência de vitamina B12

A anemia por doença crônica é um achado frequente em doenças sistêmicas tais como neoplasias, infecções e condições inflamatórias, assim como não é rara a anemia na insuficiência renal que ocorre devido à diminuição dos níveis de eritropoietina.


Mecanismo responsável pelo desenvolvimento da anemia de doença crônica: liberação de citocinas que: 1) estimulam a produção de hepcidina que, por sua vez, diminui a absorção de ferro e leva à inibição de ferroportina 2) inibem a liberação de ferro pelo macrófago para a produção do heme da hemoglobina, levando ao aumento dos estoques de ferro na medula óssea e, consequentemente, da ferritina.

Já a aplasia de medula óssea, também conhecida como anemia aplástica, é caracterizada pela acentuada redução ou ausência de células eritroides, mieloides e megacariocíticas na medula óssea, com resultante pancitopenia com a substituição do tecido hematopoiético por gordura na medula óssea. A sua principal causa é idiopática.


Biópsia de medula óssea com o tecido hematopoiético substituído por células gordurosas, típica de aplasia de medula óssea