Vírus e bactérias como causa de câncer
O câncer pode ter muitas causas, dentre elas, microorganismos como os vírus da hepatite B e C, da imunodeficiência adquirida (HIV) e o vírus Epstein-Barr (EBV).
Em 1958, o cirurgião inglês Denis Burkitt descreveu uma doença endêmica na África Equatorial que acometia o processo mandibular em crianças e que ficou conhecida por linfoma de Burkitt.
Ao estudarem a cultura de células dos linfoblastos desses pacientes, em 1964, os virologistas Epstein, Achong e Barr, encontraram um novo tipo de vírus, que ficou conhecido como vírus Epstein-Barr.
Estava descrito, pela primeira vez, a associação de um vírus com um tipo de câncer.
No linfoma de Hodgkin, o vírus Epstein-Barr foi encontrado por Weiss em 1987, sendo esse o tema da minha tese de mestrado e doutorado.
Entretanto, vários outros tipos de cânceres hematológicos foram relacionados aos mais diferentes microorganismos. Porém, o caso mais curioso foi a associação de uma bactéria chamada Helicobacter pylori com um linfoma gástrico, o linfoma MALT.
Dois médicos, Marshall e Warren, descobriram a relação dessa bactéria com o desenvolvimento de gastrite e úlcera, ao ingerirem, eles mesmos, uma placa de cultura inoculada com H. pylori. Isso rendeu o prêmio Nobel de Medicina aos cientistas em 2005.
A relação entre o H. pylori e a gastrite levantou a possibilidade de que a infecção bacteriana e inflamação crônica causassem linfoma gástrico. Nesse meio tempo, Marshall e Warren tinham testado o uso de antibióticos para criar um poderoso tratamento para a infecção por H. pylori.
Estava, portanto, descrito o tratamento de um tipo de câncer com o uso de antibióticos, pela primeira vez na história da Medicina.